Cláudia Mello, la becaria brasileña que estuvo este año en la Casa de Traductores Looren como parte del programa Looren América Latina, nos comparte el relato de su estancia, que ya previamente compartió en Facebook.
Su relato está en portugués, para felicidad de los lusófonos y lusófilos, pero también es accesible a los que hablamos español.
Recuerden que la convocatoria para las Becas Looren América Latina 2017 sigue abierta hasta el 31 de agosto: las bases en este enlace.
Relato
Cláudia Mello Belhassof
Mal consegui acreditar quando recebi, por e-mail, a confirmação de que iria para Looren no início do ano seguinte. A bolsa foi um presente inesperado. Quando me inscrevi, não achei que poderia ganhar.
Foram quatro meses de preparação e ansiedade. Eu chegaria no inverno e não tinha casaco, botas adequadas, nada que me ajudasse a enfrentar o frio suíço. Sem contar que eu não falava nada de alemão. Mentira, eu sabia agradecer. Já era alguma coisa!
Viajar sozinha sempre me deixa tensa, e isso aumentou ainda mais a ansiedade. E era a primeira vez que eu ia ficar um mês sozinha, num lugar que eu não conhecia, sem nenhum amigo por perto, sem conhecer nada nem ninguém. Seria uma bela aventura.
Junto comigo, mais três bolsistas, todas mexicanas. Conversamos um pouco por e-mail, mas o receio de antipatizar com as pessoas que iam conviver comigo durante um mês era enorme. Imagina passar um mês num local desconhecido e com pessoas antipáticas? Seria desesperador.
Mal sabia eu que, no instante em que encontrasse minhas colegas bolsistas mexicanas, nos entenderíamos de imediato. Quando Lucrecia Orensanz chegou e bateu na porta do meu quarto, abri e encontrei um sorriso espontâneo. E ela ainda levou um presente para mim! A segunda a chegar foi Claudia Cabrera, minha xará, com quem também me identifiquei na hora. Sua simpatia era contagiante. Por fim, quando Sonia Verjovsky chegou, uma surpresa: ela era parecida com uma amiga querida de São Paulo. Foi quase uma amizade instantânea.
Os primeiros dias foram de adaptação ao local, ao comércio, à casa, ao quarto, ao mercado, ao clima. Quase não trabalhei, tentando me ajustar a tudo. No segundo dia, andei sozinha até a cidade mais próxima usando o GPS do celular, para comprar comida. Depois descobri que fiz uma loucura: andei pela estrada, em vez de seguir pela trilha na floresta. Só soube que havia uma trilha depois de ter me arriscado. Faz parte da aventura!
Depois da primeira semana, instituímos uma rotina: acordar, tomar café, caminhar pela floresta, almoçar e trabalhar até a hora do jantar (ou até mais tarde). Às vezes, acendíamos a lareira e ficávamos bebericando um vinho, trabalhando ou conversando. Certo dia, fizemos uma discoteca depois de um dos jantares coletivos semanais. Tinha até nome: chimenea (lareira em espanhol).
Isso me fez lembrar dos outros hóspedes da casa, além das bolsistas, que também se integraram bem conosco. Eram colegas de toda parte do mundo, todos muito talentosos e receptivos. Fomos muito bem recebidas por eles. As conversas à noite eram sempre muito proveitosas.
Nas últimas semanas, eu, Claudia e Sonia decidimos trabalhar juntas na biblioteca. Foi aí que o trabalho rendeu mais! Ficávamos juntas a tarde toda, trabalhando, comendo chocolate e, de vez em quando, interrompendo para conversar ou tirar uma dúvida na tradução, apesar de trabalharmos com idiomas diferentes. Funcionou maravilhosamente bem!
A despedida foi muito difícil. Sempre sentirei falta daqueles dias no paraíso, com a única preocupação de trabalhar, me alimentar, limpar o quarto e caminhar até a cidade, respirando um ar puro e geladinho.
Impossível agradecer o suficiente por ter recebido essa bolsa. Foi uma troca pessoal e profissional intensa, amplificada pela convivência diária e incessante. Quando fomos embora, nos disseram que a casa ficaria silenciosa e mais triste, sem nossas risadas e conversas. Acho que conseguimos espalhar um pouco da alegria latina na Suíça.
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